Expectativa criada pelo Governo da Bahia frustra população com cancelamento da ExpoConquista
O cancelamento da 54ª edição da Exposição Agropecuária de Vitória da Conquista escancarou o abismo entre o discurso político e a realidade prática. Embora a feira estivesse ameaçada há meses por dificuldades conhecidas, o Governo da Bahia optou por alimentar uma expectativa pública que, no fim, não se sustentou. O resultado foi uma grande frustração para a população, para o setor agropecuário e para a economia regional.
Ao longo das últimas semanas, representantes do governo estadual, ao lado de parlamentares aliados, anunciaram recursos, prometeram apoio e reforçaram, em diversas ocasiões, que a feira seria realizada. O tom era de otimismo, como se a realização do evento fosse apenas questão de tempo. Na prática, no entanto, o que se viu foi uma ausência de garantias efetivas, falta de repasses concretos e nenhuma solução para os entraves que já eram de conhecimento público.
Diferente do que muitos tentam sugerir, a Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense (Coopmac), responsável histórica pela realização da feira, não pode ser responsabilizada por um problema que ultrapassa sua capacidade de articulação. A entidade, que vem enfrentando limitações financeiras há anos, depende de parcerias institucionais sólidas para manter vivo um evento da dimensão da ExpoConquista. E essas parcerias, especialmente com o Governo da Bahia, ficaram apenas no discurso.
A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, por sua vez, foi a única a apresentar um plano concreto de apoio, com estimativa de R$ 1 milhão em investimentos diretos em serviços e mídia, além de garantir a infraestrutura mínima do evento. Ainda assim, não foi suficiente para compensar o que o Estado deixou de cumprir.
A frustração é legítima. O evento, que em 2024 atraiu cerca de 150 mil pessoas e movimentou R$ 100 milhões, tem papel central na economia regional e na cultura da cidade. Criar expectativas sem fundamento não só compromete a credibilidade do governo estadual, como também desrespeita produtores, expositores, comerciantes e toda a população que, mais uma vez, acreditou no que foi prometido — e não entregue.
Se a ExpoConquista não aconteceu em 2025, não foi por falta de vontade da Coopmac nem da gestão municipal. Foi pela ausência de responsabilidade de quem, tendo os meios e a visibilidade política, preferiu prometer em vez de garantir.